segunda-feira, 23 de julho de 2012

Porque o New Metal nunca foi tão New assim.

Sem dúvida, a presença de um scratcher no palco com uma banda de Rock/Hardcore foi uma novidade introduzida por bandas do início dos 2000. Sintetizadores com rock datam dos anos 70. Rap com hardcore datam dos fins de 80 e início dos anos 90. Vozes rasgadas e abafadas ganharam espaço no pós-grunge. E os timbres de bateria são referência ao clássico Roots do Sepultura de 1996 (foto).
 Que, aliás, é o disco que marca, de fato o início do New Metal. Afinal é Metal e é novo (dãr). É novo porque diminui a paulada rápida e contínua por uma ambiência de peso e bastante distorcida. Os tambores (e a bateria) sincopadas com variações de bumbo mais lentas e ritmos mais lentos e vibrantes são a marca desse novo Metal que não tinha apenas nas centenas de bumbadas por segundo e distorções quase abelhudas de tão rasgadas sua marca.
A junção disso com a ascensão de  bandas como Biohazard, Dog Eat Dog, Suicidal Tendencies (foto) e E-Town Concrete com uma roupagem de hardcore mais agressivo e menos rápido, acrescido da ascensão do HipHop ao mainstream do início dos anos 90, a evolução foi natural.
Bandas como Deftones, Korn e Sevendust surgiram nessa nova roupagem ainda com alguma cara de Grindcore e Trashmetal, porém mais lento. O peso das guitarras e a batida sincopada deram uma nova cara para novo metal que estava surgindo. Juntando-se a isso, a mistura com alguns trechos falados (ou gritados) esse novo tipo de frontman parecia novidade. E, de fato, o era.
Então vieram as bandas como Limp Bizkit, Papa Roach, Machine Head, Alien Ant Farm, Godsmack, Coal Chamber e a talvez maior de todas e mais inovadora Slipknot. Todas bastante significativas para a construção de um dito novo Movimento, uma nova cena. De fato, não há que se negar que todas essa bandas faziam um som realmente diferente. Mas a questão é que nem tanto assim.
Culpa dos nossos tempos, onde não há memória. Ninguém se lembra que o Faith No More de Mike Patton (foto) já fazia isso em idos de 80 e 90. Que o Dog Eat Dog ainda tinha metais em suas músicas, misturando, Ska, Hardcore, Metal e Rap. Porém, a real novidade foi a inserção de recursos realmente digitais como os moogs, minimoogs, sintetizadores manuais e o scratch em suas músicas. Algumas bandas mais pesadas como Korn, Deftones, Coal Chamber e Godsmack foram mais adiante nas lições da família Cavalera e mantiveram um espírito mais de Metal, como uma evolução desse estilo. Já outras como Limp Bizkit, Papa Roach e Slipknot foram mais para o lado mais New, que é a inserção de fato de uma situação mais Hip Hop (apesar de o Papa Roach não ter um DJ em cima do palco fazendo scratches.)
O que há de novo nisso tudo também não é novo, pois é apenas o reflexo da pós-modernidade, onde tudo é fragmentado em boas referências transformadas em um movimento vazio e sem proposta. A proposta, como tudo hoje na música, é apenas ser diferente. Ao contrário das bandas que formaram as bases dessa nova música. Enquanto o Sepultura buscou uma percussão mais próxima de suas raízes indígenas, Dog Eat Dog e Biohazard buscaram no Rap que efervescia nos guetos onde moravam e o Faith No More tentou explorar ao máximo o talvez mais técnico e versátil vocalista do Rock nos últimos anos.
Quando disse que o Slipknot (foto) seja talvez a mais inovadora de todas essas bandas, não quis dizer que é a melhor, que na minha opinião é, definitivamente, o Deftones, mas sim porque trouxe ao seu público uma proposta nova de show. Com 9 homens no palco, fantasias, uma estrutura de bateria que sobe e gira de frente para o público, palhaços pulando e fazendo no palco o mesmo que seus fãs fazem à sua frente. Mas o grande mérito do Slipknot está na visível intenção de provocar a plateia e seu vocalista Corey Taylor é talvez um dos melhores frontman da atualidade, pois sabe se portar em cima do palco, sabe falar com a plateia e é um ótimo mestre de cerimônias para uma excelente banda. Aí está uma inovação: a banda é boa. Bons músicos, boas letras e uma proposta que atende muito bem ao show business. Esta última, quase sempre a única preocupação da maioria dessas bandas supracitadas e que souberam aproveitar bem a cena e o momento, mas já não mantém mais suas atividades com qualidade. Ao contrário dessa maioria, Deftones (foto) e Korn vêm ano após ano produzindo bons discos e mantendo uma proposta de som que vem já há quase vinte anos. E que é o provável Nu Metal por um bom tempo, enquanto muitas dessas bandas, se já não foram, serão esquecidas muito em breve.
Lanço em breve uma coletânea com as bandas que citei aqui para ilustrar melhor.

sábado, 21 de julho de 2012

Coletânea - TOP 5 - 2011

Aí vai o link para você baixar e ouvir até doer as orelhas e chorar seu suco gástrico.

Não sem antes reafirmar que isso não é pirataria. Não ganho nada com isso, nem revendo algo que não foi comprado. Afinal, comprei todos esses discos. É só uma coletânea com o intuito de dividir boa música e divulgar trabalhos que considero de altíssima qualidade. A união disso é de minha autoria. Reconheça meu mérito nisso ou critique minhas escolhas.


http://www.4shared.com/zip/hJDsAEGo/Alguma_Coisa_de_2011.html?refurl=d1url

sexta-feira, 20 de julho de 2012

TOP 5 2011 (1) - Damien Rice

1- Damien Rice. A tempestade em um copo d'água. 

Eu sei, você vai pensar: "Ah, nem vou ler o cara que até 2011 não conhecia o Damien Rice. Coitado.". Pois é, coitado de mim. Mas, como sei que não sou o único que abdicou de ouvir esse homem, preciso dizer o que penso sobre ele. Não conhecia, como alguns dos mais fervorosos indies, sua antiga banda Jupiter. Não procurei por ele quando soube que aquela chatíssima versão da Ana Carolina e o Seu Jorge fizeram de "Blower's Dauhgter", muito menos procurei mais dele quando assisti o filme Closer. Afinal, sempre senti que já conhecia sua música, mesmo sem ouvi-la. Mesmo sem ler suas letras e vê-lo interpretar suas canções. Porém, assistindo (novamente) ao Live From Abbey Road, não consegui ignorar, como muitas vezes nossa mente pede. Principalmente pelo ambiente que esse homem cria no que faz. Porém, passava por uma fase de depressão bastante significativa e não consegui sair ileso do que eu sempre lutei contra: ouvir o sofrimento de alguém.
Não houve estranhamento. Não houve sentimento algum em relação ao que eu ouvia. Houve sim um ambiente que ele criou que me dominou e me fez não sentir nada além do que aquilo tudo proporciona. Passei alguns bons (não tão bons assim) dias ouvindo e sentindo isso tudo. Não sei o que é. Acho que ninguém sabe. E isso é música. O que a gente não sabe o que é. O que ninguém pensa, nem sente igual. É a empatia. É ser dominado por aquilo. Perder o controle, afundar junto, emergir junto. Respirar e perder a respiração. É não sentir nada e sentir o mesmo que o músico sente sem saber o que é. É chorar sem saber porque e não querer saber porque. É afundar na tristeza reconfortante do inconsciente. É sofrer por sofrer e não querer sair disso até que tudo o que profana seus sentimentos e pensamentos positivos saia de alguma maneira. É escolher o caminho que a música te proporciona quando a escolha já foi feita. E não foi você quem escolheu. É sentir o que o músico, compositor e intérprete sente sem que ele queira. Sem que você queira em uma primeira visão e descobrir, tomado por isso, que é o que você mais quer. Que alguém te guie até o fundo do poço e nesse caminho mostre como você chegou lá. Sem dizer. Assustador é sentir algo que não é seu, dada a sinceridade do que lhe é apresentado. Obrigado, Damien. Sua voz me constrange, por mostrar tanto de alguém que acredito ser você. Mas se não for, não importa. Seu violão é preciso. Sua voz é feita de entranhas. Suas letras são escritas por um inconsciente inexistente e muito mais real do que eu posso perceber por apenas 5 sentidos. Seu violino, seu violoncelo entram no meu estômago e sacodem tudo em volta. Obrigado por dialogar com Lisa Hannigan. Não sei de nada.Obrigado por me mostrar isso.
Musicalmente não há nada a se dizer. É tudo perfeito e tomado de algo que só a música pode proporcionar.
Tente sair ileso disso: