terça-feira, 29 de março de 2011

O que a Austrália tem?

Por que tantas bandas ótimas surgem na Austrália? Eu não sei. Preciso conhecer a Austrália para tentar refletir sobre isso.
Mas há alguns fatos sobre a Austrália que nos impele a pensar sobre...

Acho que 6 bandas, especificamente, podem dar a luz ao questionamento. Lógico que em suas devidas proporções e áreas de criação.

AC/DC
Men At Work
Silverchair
The Vines
Jet
Wolfmother

Primeiro. AC/DC. Se há uma unanimidade no Hard Rock, definitivamente é a banda de Angus Young. Se há uma unanimidade entre os guitarristas (além de Jimi Hendrix, mas como estamos falando de guitarristas e não de deuses...) essa é Angus. Ele e seu irmão Malcolm formar desde '73 a maior e mais importante banda de Hard Rock de todos os tempos. Transcendendo todos os limites do estilo que foi surgiu e foi fortalecendo ao longo dos anos '80 e início dos '90 até o surgimento do grunge que tirou a maquiagem e as muitas máscaras que o rock e o mainstream vestiram sob suas plataformas e roupas brilhantes durante a sua fase púrpura e cheia de glitter. O AC/DC nunca usou isso. O AC/DC é imagem também. Mas nunca atrelada aos grandes ícones de vocalistas Sex Symbols ou andrógenos que o Hard Rock trouxe nos anos '80. Muito além disso. Eram as calças jeans surradas, os coletes de couro, a boininha de maquinista ou mesmo o uniforme herege de escola com shortinhos curtos e os chifres vermelhos que foram associados ao som legitimamente Hard Rock e Australiano do AC/DC. Com boas doses de Pop, letras vazias que falam do imaginário do inferno, um guitarrista que de técnica e rapidez nunca teve nada, uma bateria extremamente específica com tempos alternados e com uma simplicidade quase ignorável e um vocalista com voz rasgada e absurdamente forçada criando músicas muito parecidas por 35 anos, a banda dos irmãos Young trouxe ao mundo algo que talvez só os Ramones também trouxeram: identidade. Quase um Ethos. AC/DC é muito mais do que Hard Rock e sua qualidade vai além de qualquer outra banda. Há quem os compare, em grandiosidade ao Aerosmith ou ao Guns N' Roses, mas Aerosmith sempre abusou do glitter e da androgenia e o Guns 'N Roses existiram por míseros 10 anos com muitos sucessos radiofônicos blockbuster e muito devido ao posto de Sex Symbol de AXL Rose e sua voz ainda mais forçada que nos rende boas risadas hoje o vendo tentar alcançar os agudos de 20 anos atrás. O AC/DC sempre encarou outra postura. Muito mais independente e inrotulável: faziam hinos. Músicas para serem tocadas em estádios. Riffs simples, muito parecidos, mas reconhecíveis em seus menores acordes ou timbres. Solos que não representam nada para a música, mas que são sempre aguardados como a um pênalti para fora em final de Copa do Mundo. Músicas que não são assobiáveis como Sweet Child o' Mine ou Livin' on The Edge. Solos inreprodutíveis por outro mortal qualquer que empunha uma guitarra. Mais do Eddie Van Halen, Angus é fiel ao que faz, ao que gosta e ao que seus fãs gostam e reconhecem. O AC/DC é a maior banda de Hard Rock "of everytime" por ser sempre a mesma, mas não ser sempre a mesma e por transcender aos clichês do Rock Rosa e ser fiel à sua identidade. É um algo a mais que deve ser explicável por vir da Austrália, pois eles parecem trazer isso de sua formação pessoal e social. Seu ethos.

O Men At Work surgiu no início dos anos '80 como uma espécie de válvula de escape para o excesso de maquiagem dos roqueiros, do soturnismo do pós-punk e mesmo mais complexo do que o punk que já havia dado mostras do que viria a ser a sonoridade do MAW. Assim como o The Clash foi além do punk e mostrou que mesmo os punks podem ser músicos de requinte fino e muita criatividade quando uniu a música de protesto e a sonoridade punk com ritmos africanos, com reggae, ska e com o hip-hop. O Men At Work chegou no início dos anos '80 seguindo a tendência do The Police e do The Clash de trazer uma sonoridade mais tropical, como é a Austrália. O resultado foi um som entre o Ska e o Reggae e o Rock. Mas com uma caara de praia. Poucas coisas são melhores do que ouvir Overkill ou Down Under sentado na areia de uma praia mais reservada no fim de tarde de um dia pouco ensolarado. Ótimo som para se ouvir na estrada, indo para a praia. Mais do que reggae, ska ou surf music (mais no sentido de música de praia do que surf music), o Men At Work trouxe algo que só eles tem uma sonoridade pop e com identidade. "Down Under" é um hino que canta a Austrália. Uma música para uma plateia imensa cantar "de-cabo-a-rabo" com o vocalista Collin Hay, como aconteceu no encerramento dos Jogos Olímpicos de Sydney em 2000.

Por outro lado, o Silverchair é a maior e talvez única banda que (até o Neon Ballroom) pode ser denominada como Pós-Grunge. Não que se limite ao termo, pois lembra mais Black Sabbath do que propriamente o grunge de Nirvana, Mudhoney, Soundgarden, Alice in Chains e Dinosaur Jr. Porém, não há quem ouça o Frogstomp e pense ser de uma banda de uma experiente banda de Seattle. Porém, mesmo sendo contemporâneo ao fim do grunge (enquanto movimento valorizado pela mídia mainstream. Ou seja, modinha), o Silverchair apresenta em seus 4 primeiros discos uma sonoridade bem mais pesada, com letras intimistas e parecem apresentar ao bom degustador de música boa um caminho que o grunge pode ter tomado após a morte de Kurt Cobain. Juntamente com Foo Fighters, Jane's Addiction, Placebo e Incubus, o Silverchair trouxe guitarras pesadas, bateria rápida como o punk, cheia de viradas e perceptivelmente espancada sem dó e letras intimistas, líricas e com algum conteúdo rasgante como o seu vocal. Porém, o Silverchair tem algo que todas essas bandas não tem: o sofrimento como tema. Não o sofrimento de vida do Foo Fighters, o amoroso do Jane's Addiction, o freudíaco do Placebo ou o de amadurecimento do Incubus. As letras de Daniel Jones trazem um sofrimento patológico da anorexia, o sofrimento existencial de um garoto de 14 anos e traduzidos com uma voz rasgadíssima e guitarras pesadas, baixo grave e uma bateria que parece quebrar dezenas de baquetas por show. Isso só o pós-grunge traz. E além desse rótulo, o Silverchair consegue ser lírico e triste com Cemetery, Emotional Sickness e Untitled. Pena terem perdido tudo isso em Young Modern. Mas mesmo a sonoridade mais pop de hoje em dia, faz do Silverchair uma banda diferente com letras mais maduras e orquestrações muito mais complexas do que as dos anos '90 e '2000.

Já em idos do novo milênio, surgem o Jet e o The Vines com uma sonoridade bastante próxima ainda do som dos Beatles. Não saberia explicar nem como nem porque, mas as bandas que, para mim, mais remontam a fase intermediária do Fab Four (entre o Help e o White Album) são essas duas. Muito pelo timbre das vozes de Craig Nichols e Nic Cester, respectivamente, de The Vines e Jet, se assemelharem ao timbre que John Lennon fez consagrar nessa fase dos Beatles. Algumas construções harmônicas e melodias pegajosas e líricas remetem bastante ao disco Revolver. O que nos traz à Austrália nessas duas bandas são as cores e texturas criadas pelos arranjos ora rasgados, ora líricos de ambas as bandas. A marca registrada da bateria de Phill Rudd do AC/DC também é recorrente na dinâmica das duas bandas. Porém, o que há de comum entre as bandas tem seu revés proporcional no que as difere. Jet, por um lado, traz um rock n' roll mais clássico e gingado nas guitarras. Um baixo mais marcado e dançante nas músicas mais agitadas. Por outro lado, o The Vines parece um som mais cru e rebelde. As gritarias mesmo em músicas lentas fazem do som da banda Craig Nichols tão esquizofrênico quanto seu frontman. Algumas texturas psicodélicas em sua guitarra fazem da confusão sonora, uma verdadeira gangorra de emoções. O The Vines parece mais animal em sua essência do que o Jet, que, por sua vez, não deixa de extravasar aos berros uma angústia pela volta do rock n' roll contestador do pragmatismo e de invenções pouco sucedidas dos fins dos anos 90. O que diferencia e muito essas duas bandas do cenário Strokes, White Stripes, Interpol e Libertines do início da década.

Por fim, o Wolfmother surge como uma tentativa quase bem sucedida de um regate às guitarras sujas, pesadas e cozinha potente. As guitarras do Wolfmother deslizam com os dedos de Tommy Iommy e a cozinha segura com muito peso a voz esganiçada e quase irritante de Andrew Stockdale. Um som para ouvir na estrada, gritar de raiva ou desafiar a morte. O peso quebrado do Wolfmother, assim como do Silverchair lembra muito o Black Sabbath, algumas pretensões progressivas do Deep Purple e uma voz capaz de alcançar o inimaginável do Led Zeppelin. Guardadas as óbvias proporções, o Wolfmother só não foi uma tentativa totalmente bem sucedida, pois só sobreviveu por um disco in natura. As orquestrações e invenções escalafobéticas da nova formação da banda perderam um pouco da crueza do som do primeiro disco. O que fez do Wolfmother uma banda como outra qualquer. E sem o requinte australiano. De um disco premiadíssimo de 2005, a 'nova' banda não conseguiu manter o entusiasmo dos que esperavam um algo a mais do stoner rock e do novo hard rock mundial. Porém, o Wolfmother de 2005 a 2008 pode ser considerado um ícone desse novo rock que estamos vendo hoje e um dos principais expoentes do rock australiano. Agora, o que acontece por lá para termos tantas bandas acima da média e fora do 'lugar comum' é uma pergunta ainda esperando resposta.

Enquanto isso, vale procurar um pouco mais do que vem da terra dos cangurus e de Angus Young.

Isso sem falar em outros muitos nomes como Grinspoon, Airbourne, Crawl, Savage Garden, Bee Gees...

Divulgação

Galerinha do mal,

Vou aproveitar esse espaço pra divulgar o site de uma banda ótima daqui de São Carlos. Para quem não conhece ainda, a Black Limousine é uma banda especializada nos sons das décadas de 50 e 60. Vão de Roy Orbison ao Creedence Clearwater Revival com repertório bastante abrangente que engloba ainda os ingleses Beatles e Stones, Elvis e Little Richard com muitas intervenções de sons pouco conhecidos do grande público, mas que, juntamente com esse mainstream que consagrou essas décadas como o surgimento do rock e a consolidação de seu caráter revolucionário. Em suas apresentações, a banda traz também brincadeiras musicais enxertando ritmos e timbres brasileiros e bastante inusitados. Ótima performance, excelência na qualidade do som e de arranjos. Vale a pena conferir.
Para conhecer melhor, visite o site da banda (que é bem bacana, por sinal) e fique atento para saber quando eles irão tocar perto da sua casa!

http://www.bandablacklimousine.com.br

segunda-feira, 28 de março de 2011

Homenagem

Ao nosso digníssimo e gente boníssima Bruce Dickinson, que hoje nos contemplou com uma visita no museu da Tam em São Carlos.





Para quem não o conhece, aí vão algumas informações superficiais, pois contar a história de alguém com 31 anos de carreira seria bastante extenso.

Enfim, este distinto senhor acima com roupas rotas de maltrapilho alcoólatra começou aos 22 anos a destilar sua potente e segura voz em uma banda chamada Samsom e assim o fez de 1980 a 1982, quando foi gentilmente convidado a substituir Paul Di'Anno que fora demitido por (pasme!) excesso de uso de drogas. O que nunca foi algo bem visto pela banda. Dickinson então entrou na banda qualificando o peso do heavy metal com sua voz menos rasgada, porém não menos poderosa e, principalmente, mais original e sextavada. O que se tornou uma marca registrada de Bruce. Ele que havia se inspirado em Sinatra (The Voice) para construir sua identidade nos vocais da ainda emergente maior banda de heavy metal do mundo. Dando continuidade ao que o Black Sabbath de Tommy Iommy e Ozzy Osbourne trouxeram ao mundo na década anterior. Com a entrada de Bruce Dickinson no Maiden, a banda chegou ao seu auge, que mantém até os dias de hoje, mesmo com pequenos percalços ao longo do caminho.

Em 1992, depois de 10 anos do maior sucesso que se podia imaginar para uma banda de Heavy Metal, Bruce deixou a banda para se dedicar à sua carreira solo. Brilhante, como ninguém poderia imaginar. Quando em 1999 resolveu se unir novamente à banda que o consagrou e lhe deu "os melhores amigos que alguém pode ter" (em palavras do mesmo). Nessa reunião, Bruce também arrastou Adrian Smith que havia deixado a banda em 1988. Com isso, o quinteto virou sexteto e até hoje se apresenta pelo mundo (muito mais por América do Sul, Japão e Escandinávia) nessa nova, mas nem tão nova assim, formação inusitada e genial.


Agora, você me pergunta "Beleza, campeão. Mas que que esse fera aí foi fazer em São Carlos, em um museus da TAM? Ele não tinha nada melhor pra fazer, não? Tipo, tocar, beber... Porque ele não foi a uma festa cheia de drogas e mulheres?" Pois é. Ele não é desses Rockstars.
Primeiro. Ele veio ao Brasil se apresentar no Morumbi sexta feira (Por isso o clássico entre São Paulo e Corinthians do domingo foi em Barueri). Foi convidado pela TAM e veio.
"E por que raios a TAM ia chamar esse fera pra vir conhecer o Museu deles? Por que não a banda toda, pelo menos."
Simples. Esse senhor é piloto de avião nas horas vagas. Assim como John Travolta, Bruce Dickinson sabe pilotar um avião. Isso não é pra qualquer um. Mas o mais impressionante é que ele não só sabe, como o faz. Quem pilota do 'Ed Force One' (avião que leva a banda em suas turnês) é o próprio vocalista e frontman do Iron Maiden. Por isso ele veio. Sacou?



É isso, muito obrigado Bruce pela visita. Eu sei que você nem vai ler isso, mas eu nem ligo. Eu também não te encontrei no museu mesmo!

PS: Pra quem não conhece a banda desse tiozinho nem a carreira solo dele, aí vai sua obra prima na carreira solo: Tears of The Dragon em versão acústica para você entender porque esse cara é phoda.


Por quê?

sábado, 26 de março de 2011

Aquele do cigarro...


  • Me dá um cigarro?
  • Não...
  • Um só!
  • Não véio! Joga aí e pára de bobeira...
  • Eu estouro ou você?
  • Estoura aí!
  • Belê...
    Pláááááá!
  • Caiu alguma?
  • Não...
  • Então põe a 15 e a gente joga maior e menor... Demorô?
  • Demorô...
  • Você quer qual?
  • Maior... e um cigarro.
  • Pára véio! Num vô dá cigarro nenhum!
  • Por que não? Você num tem?
  • Claro que eu tenho, mas num vô dá.
  • Uai... por que não? Você num é meu amigo?
  • Não mistura as coisas...
  • Pára com isso cara... eu não vou virar um fumante compulsivo que nem você por causa de um cigarro que você me der...
  • Eu sei que não... e a parte do compulsivo é interpretação sua...
  • Então, cara... não se preocupa... dá um aí que todo mundo fica feliz!
  • Num tô preocupado com você... Num sô sua mãe pra isso.
  • Amigos já se preocupariam com isso... Dá essa merda desse cigarro!
  • Eu não disse que era seu amigo! Num vô dá nada! Joga aí!
    Plááááááááá
  • Vai de novo... Quero ver se a 11 cai no meio... a 9 no canto é fácil... até minha mãe... a 11 que eu quero ver!
    Plááááááááá
  • Ah lá... me dá o cigarro agora... ganhei!
  • Ninguém aqui apostou nada... eu só queria ver e vi... Vai de novo logo!
    Shck Fuuuuu!
  • “Ai...eu tenho, você num tem”... Muito bonito da sua parte, Sr. Fumante.
  • Nada cara... eu num posso fumar agora, mais? só porque você me pediu um cigarro e eu não dei, todo o cigarro que eu fumo é pra te provocar... você é tão importante assim pra mim, mesmo?
  • Tomara que não... mas cara... por que essa coisa de não me dar cigarro? Tá acabando? Fala... numa boa... eu entendo.
  • Tem uns 6, 7 ainda... mas num é isso, já disse. É que eu não dou cigarro pra quem não fuma...
  • Mas tá acabando?
  • Não... nada a ver... na verdade tá... tem 4 só...mas mesmo se eu tivesse 15.
  • E por que que alguém que não fuma vai te pedir um cigarro?
  • Por que que você tá me pedindo um cigarro?
  • Pra fumar, uai!
  • Então... Você não fuma e tá me pedindo um cigarro... e eu não dou... Não dou pra quem não fuma...
  • Mas eu vou fumar!
  • Eu sei... é isso que eu não quero.
  • Ah... que cara mais responsável o senhor, não?! Só dá cigarro pra quem fuma! Não quer que outros comecem a fumar com o seu cigarro! É um fardo muito grande mesmo ser responsável por iniciar o fim de alguém! “Bem aventurados sois vós que não debutam amigos na arte do suicídico hábito de fumar!” Só pra constar, não vai ser o seu cigarro que vai me viciar. Não é porque ele te viciou que ele vai me viciar...
  • Num é isso, cara.. eu quero mais é que se foda se você vai virar fumante ou não... você pra mim é problema seu e se pá... da sua mãe! Não vai ser por causa do meu cigarro... vira fumante quem tem predisposição e insiste no erro... tipo eu.
  • Eu não tenho predisposição...
  • Como que você sabe?
    Pláááááááááá!
  • Eu não fumo tanto quanto você... A bola oito no meio do seu caminho. Tem uma bola oito no seu caminho, no seu caminho tem uma bola 8! háháháháháháháhá
  • há, há... tem tabela ali ô bundão...
  • Então vai! Quero ver! Valendo um cigarro!
  • Háháhá! Você tem um pra me pagar?
  • Não... se você acertar você ganha outra jogada e o direito de não me dar um cigarro.
  • Legal... eu num ganho nada que eu não tenha direito, já... Espertinho, você...
  • Joga aí que eu quero fumar...
    Pláááááááá
  • Háááááááááááááá! Vai ter que comprar cigarro! Háááááááááááááá!
  • Calma, eu ainda posso te convencer a me dar esse cigarro...
  • Ah, tá! depois dessa eu tô irredutível! E outra... vai ter que comprar cigarro pra mim! Lembra: “Valendo um cigarro!”?
  • Gastou agora, hein?! Na bola e na língua!
  • Ah fio... vocabulário de 10000 palavras, disse minha psico pedagoga.
  • Você faz acompanhamento escolar?
  • Faço, por que? Num desconversa, não! Quero meu cigarro!
  • Rárárárárárá! Que otário....
  • Otário por quê? EU ganhei! Otário pra mim é quem aposta o que não tem, perde e ainda muda de assunto! Eu comecei com uns 14 anos a fazer acompanhamento e tal.. e ajudou.. fiz uns 17 anos de cursinho a menos que você, seu bosta.
  • Pois é... mas se você disser que faz acompanhamento, ninguém te contrata... certeza!
  • Tá bom...
  • Ah mano... na boa... perdeu ponto comigo...pra quê isso? Ela fica lá te iludindo e tirando seu dinheiro... Essa coisa de psicologia e pedagogia pra mim é só filosofia de dona de casa: Como aprender 17 sílabas sem precisar decorar... Como entender seus filhos rebeldes... AH! Sei lá... nunca fiz, mas pra mim é a mesma coisa auto-ajuda. Eles dizem que querem te ensinar a te conhecer, mas ficam te enganando e tentando te convencer de que você não se conhece pra te moldar. Num faria nem por bosta! Eu me conheço bem o suficiente pra saber que não é com frases feitas que eu vou mudar alguma coisa na minha vida.
  • Então... eu comecei na sétima série... mas aí eu continuei porque é de graça, tá ligado? Tá ajudando... sei lá.. eu vou lá e fica conversando com a mulher dos meus problemas e ela fica dando uns palpites e a gente vai meio que tentando resolver a situação.
  • Fala sério... isso é zuado... pelo menos é de graça...
  • Zuado... zuado é jogar mal desse jeito e ainda ficar pagando... pior... é fumar em balada e se dizer fumante. Isso é saber quem você é? Isso é se conhecer? Pra mim isso é seguir modinha... viver que nem formiga. Você é diferente deles por que? Mesmo fazendo terapia e acompanhamento, eu ainda tenho consciência do que eu sou, meus limites, meus vícios, meus defeitos... num fico enaltecendo minhas qualidades e apagando meus defeitos. Num faço média, tá ligado.. é chavão, mas eu, hoje, tenho identidade e não sou influenciável. Eu tenho meus princípios que eu formei sozinho.
  • Sozinho, você e sua terapeuta.
  • Uma pessoa profissional em ajudar as pessoas a se conhecerem.
  • Uma profissional em esoterismo, misticismo, isso sim! Se você chegou lá no consultório dela sem se conhecer, convivendo consigo mesmo por 14 anos, como que ela te conhece melhor do que você te encontrando uma vez por semana por uma hora em uma situação “profissional”. Num esquece que você é contratante e ela contratada! Essa é sua relação com ela!
    Plááááááááááá
  • Nada?
  • Nada...
  • É engraçado você falar isso... Quando você é verdadeiro? Quando você é você mesmo? Quando você fuma na balada pra ficar malandrão? Você olha no espelho e diz que é fumante?
  • Cara... você tem orgulho de dizer que é viciado num palito que solta uma fumaça que você respira pra fuder seu pulmão e soprar depois?
  • Não...
  • Então pra quê que eu vou “pagar de fumante”?
  • ah... porque tá na moda...
  • Que moda, véio... Desde quando tá na moda se matar?
  • Desde do Kurt...
  • Rárárárárárárárárá
  • Mas a questão não é essa! Você consegue se definir em relação ao cigarro? Não é orgulho nenhum fumar. Não me dá orgulho ver o quanto eu gasto com cigarro por mês, nem o quanto eu vou gastar pra tentar me salvar de um câncer daqui há vinte anos. Nem saber que eu dependo desse palito que solta fumaça pra ter um bom humor. Eu só fico sussa com relação a isso porque eu sei que isso é uma válvula de escape que eu tenho.
  • Válvula de escape? Tá falando igual essas porcaria de psicóloga! Pára, véio! Você fuma porque você curte botar fumaça pra dentro e soprar! Seu vício é muito mais químico e biológico do que psicológico! Se fosse, por que que você faz terapia há duzentos anos e não parou de fumar?
  • Porque eu preciso!
  • Que nem você precisa da psicóloga! É um vício também! Não serve pra nada! Só pra você se sentir cuidando de você mesmo! É por isso que as pessoas vão no médico. Pra se sentirem com o dever cumprido com relação à doença delas. Deu dor de cabeça, o cara vai lá e toma remédio pra passar. A dor continua o cara vai no médico pra ele dizer: “É enxaqueca, fica em repouso por 2 dias e toma um paracetamol que você melhora. Se não passar volta aqui.” Precisava ir no médico pro cara saber que é só tomar remédio e descansar que passa a dor de cabeça??? Não! O cara foi pra ficar com a consciência tranqüila e pra poder colocar a culpa no médico de não ter passado a dor de cabeça ao invés de tomar vergonha na cara e sair da frente do computador. Você não estudava porque você é vagabundo! E por isso você ia mal na escola! Eu te falei várias vezes. Eu também sou vagabundo. Mas não precisei de ninguém me dizendo isso eufemicamente pra tomar vergonha na cara que nem você. Você toma remédio pra estudar? Você tem alguma deficiência não conseguir estudar ou você só começou a dar valor pra isso?
  • Não... ela só me disse pra organizar meus horários e parar de arrumar motivo pra não estudar.
  • Quem não se organiza pra estudar e fica enrolando pra não estudar é o que?
  • É...
  • Va-ga-bun-do!!!!
  • Você viaja...
  • Eu viajo? Você que gasta seu tempo indo numa mulher que te diz tudo de forma mais eufêmica o que seus amigos te dizem o tempo todo, de graça e ainda tomando uma breja? Você pode tomar breja lá no consultório dela?
  • Não, né... mas ela deixou eu fumar um uma vez...
  • Ela deve curtir... o Freud era maior cheirador... psicólogo curte essas parada alucinógena. Ela não te disse pra parar de usar drogas? Que você tá financiando o tráfico e a violência nas favelas do Brasil?
  • Háháháháháháháháháhá! Não... nem disse... ela num é moralista.
  • Ô Jota! Vê outra, por favor? Mas voltando ao assunto... Cara... eu acho que é muito inútil essas parada de psicóloga. Num precisa.. ninguém precisa... ela fica colocando essas ideias de “ tenha princípios, seja independente, não dê bola para o que os outros dizem, não dê cigarros para os que não se conhecem...” Essas coisas... sei lá...
  • É verdade, né?! Toma aqui um cigarro!
  • Ô, cara... brigado...
  • Há! Cê acha! Para... achou que tinha me convencido? Hahahahahahaha
  • Háháháháháhá... engraçadão! Num tava tentando te enganar... era sério o que eu falei... se você se solidarizou comigo e quis dar um cigarro eu ia negar? Tsc tsc tsc...
  • Desde quando você fuma pra querer tirar um cigarro de um coitado que precisa?
  • Coitado? Véio... Você fuma porque quer! Num tem ninguém te obrigando a fumar...
  • É vício cara... que nem você é viciado em GTA eu sou viciado em cigarro... ninguém te obriga a jogar e você fica todo putinho quando alguém tá fazendo trabalho no seu PC e você não pode jogar... Você não vê como se tivessem tirando seu direito de jogar pra fazer trabalho? Meio que como se você jogar fosse mais importante do que o cara fazer trabalho no seu PC naquela hora? É a mesma coisa...
  • É nada... eu tenho bom senso de saber que trabalho é mais importante...
  • Fica puto, num fica?
  • Ah depende também....
  • Ahhhhhhh
  • É sério...rererere... depende... as vezes nego tem o dia inteiro pra fazer trabalho e resolve fazer na hora que eu chego... num precisa me esperar pra perguntar se pode usar o PC. Evita essas coisas. EU chego na fúria pra jogar e o cara nem me espera entrar em casa direito pra pedir. Tira meu direito de dizer não. Parece errado negar o computador pra fazer trabalho. Mas cacete! O computador é meu! Por isso que eu libero. Num tem porque arrumar confusão por isso..
  • E se zuar seu PC? Como que você vai fazer...
  • Ah sei lá.. o cara que zuou paga...
  • Não... se você chega e tá zuado... num dá pra jogar... que que você faz?
  • Que que isso tem a ver com seu egoísmo do cigarro?
  • Tem tudo a ver cara.. Eu não te dou um cigarro porque eu sei que se eu não tiver cigarro mais tarde e quiser fumar vai ser bem pior do que se você não fumar agora!
  • Ah tá!
  • Tendeu?
  • Tendi. Mas como que você sabe que não vai ser importante pra mim fumar agora?
  • Você não é fumante... é diferente.
  • Mas cara.. pra mim é importante fumar agora porque eu tô com você, tomando uma, jogando uma sinuca... o ambiente pede cigarro...
  • Agora imagina se você fosse fumante...
  • Ah meu... num faz diferença... na boa.
  • Faz... e faz muita... é como ter cerveja e não ter lugar pra mijar...
  • hummmm
  • Mas é como se você tivesse um dom de conseguir tomar muita breja sem precisar mijar...
    Plááááááá
  • Que viagem... Nada a ver essa do “dom de conseguir segurar cerveja”.
  • É o dom de quem consegue evitar o inevitável em situações clássicas de valores agregados
  • Valores agregados?
  • É... a cerveja é ótima, mas com cigarro fica do caralho! Isso é o valor agregado!
  • Num sei onde... mas tudo bem, eu entendi a metáfora brilhante. Agora... empiricamente, como fica?
  • Espetacular! Fuuuuu....
  • Pois é... imagino mesmo... Só que no caso da cerveja sem banheiro é só oposto que atrapalha ao invés de o agregado melhorar o ótimo. Um você só ganha, no outro só perde.
  • Nos dois só perde.
  • Coisa de viciado isso
  • Exato! Quando você vicia não existe mais o inverso. Depois que o primeiro homem experimentou o dinheiro, nenhum outro homem conseguiu viver sem.
  • Megalomaníaco isso...
  • Imagina o mundo sem dinheiro, cara?! Não existe!
  • Imagina o mundo todo COM dinheiro. Também não existe.
  • Essa é a dicotomia do mundo. Se todo mundo fumasse ninguém teria identidade.
  • Pra isso que você fuma? Pro seu ethos?
  • Também. Mas uma questão mais de identidade cultural do que de interpretação do outro.
  • Mas eu não te vejo como fumante. Se alguém me perguntasse como você é, acho que eu não diria que você é um fumante. Diria que você é meio gordinho, barba por fazer, usa óculos e que não fala nada com nada.
  • Isso porque você também fuma. Se todo mundo fumasse, o cigarro não seria constituinte de personalidade. Tendeu?
  • Entendi... entendi... mas olha. Eu não sou um fumante, mas convivo com tanta gente que fuma que eu nem vejo isso como uma coisa ruim.
  • Ser gordo, usar óculos, não fazer a barba e falar merda é ruim?
  • Eu nem ligo, acho legal até. Mas a sociedade acha errado
  • E fumar? A sociedade acha certo? Eu não posso fumar em bar, ponto de ônibus, praças cobertas... só tô fumando aqui porque o Jota é firmeza e nem liga... E porque só tem a gente aqui.
  • De fato...
  • Mas como você também se sente oprimido por fumar você usa de alguma condolência por isso.
  • Eu também te definiria como comunistinha...
  • Háháhá... verdade... mas isso já é mais sério... não é pra qualquer um que você me definiria assim... só pra quem se importa com o meu discurso e minhas ideologias.
  • Fato também... Dá esse cigarro aí, vai...
  • Nem, cara... foi mal... eu não quero ficar sem.
  • Tem cigarro aí, Jota?
    Plááááááááá
  • Caiu?
  • Nada... e não vai ter cigarro aqui... Só na Dona Vera...
  • Mas já não fechou?
  • É... já era...
  • Porra.. tem aula amanhã... deixa eu derrubar essa merda logo! Valendo um cigarro?
  • Pra ir embora?
  • Ah... tem que ser, né... já desanimei, já...
  • Mas o papo tá bom, a breja ainda tá gelada e a gente ainda nem tomou quase nada!
  • Tô ficando velho, já... Só não tô rabugento que nem você.
  • É porque você não é comunistinha...
    Plááááááááá
  • Quase.... Essa 15 num cai por nada, mano
  • Vê a saidera, Jota?! Por conta?
  • Cê acha...
  • Vai! Derruba essa aí então que sai por conta?
  • Esse Jota só me fode mesmo! E o cigarro? Você me dá o cigarro?
  • Dou.... se não cair eu derrubo e você me dá um cigarro de manhã
  • Dá mesmo?
  • Dou... tem três... um pra mim, um pra você e outro pra ir embora...
  • Fechou...
  • Pode bater?
  • Vai-se....
  • É... já pensou que as vezes o cigarro conta o tempo?
  • Não.. eu não fumo.
  • É engraçado... é um cigarro antes da aula... um cigarro depois do almoço... percebeu que eu sempre almoço cedo?
  • Você? Duas é cedo pra você?
  • Tá... percebeu que QUASE sempre eu almoço cedo?
  • Pára de castelo e sai dessa...
  • Sai da onde?
  • Do cigarro cara... fuma que nem eu.. de vez em quando... você é muleque ainda... não vai fazer tão mal se você parar agora...
    Páááááááá
  • Mas é bom... num é bom fumar?
  • Pra mim só é legal de vez em quando... viciar nem deve ser legal...
  • Cara, o ruim é assumir o vício.. o vício em si não é ruim. É ruim se sentir dependente de uma coisa que faz mal pra se sentir bem... se pá vai ser pior parar... eu vou ficar muito chato...
    Páááááááá
  • Isso é o de menos cara... ossos...
  • Ah... é... mas é foda cara.. eu ainda vou sentir falta..
  • É assim com todo vício... substitui por outra coisa. Sei lá... chiclete, bala, maçã...
  • É o que todo mundo fala... mas num sei.. o cigarro ainda me faz bem... por mais absurdo que isso pareça é sério...eu gosto de fumar...
  • Mas se tá te fazendo mal...
    Pááááááááááá
  • Mas num faz! Isso que é o negócio... num faz mal ainda.. eu jogo bola normalmente, eu tenho minha vida como a de qualquer um...
  • Num é isso... Num é o fumar... é você se sentir preso a ele... isso que faz mal...
  • Nem tanto também.. eu consigo ficar um tempo sem fumar...
  • Mas admitir que fuma num é foda? Se você parar é um peso a menos...
  • Eu já me acostumei com isso...
  • Tem empresa que não contrata fumante... porque trabalha menos pra fumar e tal...
    Pááááááááááááá
  • Agora a gente bate a quinze...rererere... mais uma e eu ganho um cigarro!
  • Porra... tava escondendo o jogo?
  • Pode-se dizer que sim... nem eu sabia onde tava...rererere
  • Vai logo que eu ainda tenho que ter minha chance!
  • Saca só... no fundo e na esquerda...
  • Tá bom... vamo vê...
  • Xiiiiiiiiiiiii... beijou a viúva e me deu um defunto...rerere
  • É... um raio pode até cair duas vezes no mesmo lugar... mas 4 é um pouco mais difícil...

segunda-feira, 21 de março de 2011

Engenheiros do Hawaii - Outras Frequências (Acústico MTV)



Recomendação de música. Letra e música, geniais. Para os que acham que as gerações pós-ditadura não poderiam produzir boas letras, engajadas, com conteúdo e, principalmente, para os que sempre acham que o maior mal do artista é não ter um inimigo. Não vejo por que uma letra como essa não pode ser mais metaforicamente clara e atual em nossas gerações. Tanto a minha quanto a sua. Seja lá qual for a sua, mas certamente já dominada pelas mídias audiovisuais. Seria tudo muito mais fácil simplesmente se não precisássemos escolher, mas infelizmente, aos que não gostam do que 'todo mundo' gosta, só resta protestar e ouvir críticas que melhor soam como elogios. Se você me chama de sonhador, obrigado. Se chama o que eu acredito de utopia, obrigado. Se me 'xinga' de alternativo, obrigado. Eu escolho as minhas próprias alternativas. Se você me chama de alienado, obrigado, mas infelizmente, eu adoraria estar alienado, mas não consigo. Talvez, por isso, me incomodo com o que vejo. Porque vejo demais. Se você me chama de chato, obrigado. Não gostaria de ser conformado ou conformista, muito menos reformado ou recalcado. Obrigado. Se você acha que eu só vejo o lado ruim das coisas, obrigado. Odiaria me iludir somente com o belo e o poético. Mas acho mais poético a ilusão do belo no feio, como 'todo mundo'. Se você acha que eu sou um comunista da ideologia e um capitalista na atitude, obrigado. Fico feliz de que minha ideologia esteja à mostra. E mais ainda, o que deixa mais contente com isso é saber que não sou a rocha que vejo em 'todo mundo' nem a manteiga que vejo no mesmo 'todo mundo'.
Ou como diria Gessinger, "Existe um muro de Berlin no meu coração".

... e melhor ainda: "Amar e mudar as coisas. Isso me interessa mais."

sexta-feira, 18 de março de 2011

Vulnerável


Desculpa eu te ligar
Eu sei... já é tarde
Mas eu... Não consigo mais
nem dormir, nem sonhar,
não sei de mais nada
E tudo parece vulnerável
eu acho que deve parecer fácil
vir e tirar tudo de mim
Tudo o que é meu
O que consegui
O que conquistei
o que ganhei
O que é meu
e que eu sei quanto vale
Pra ele não vale nada
Eu penso demais
eu acho... já é tarde
não dá... não dá mais
pra mim, pra você,
Eu sei... já é tarde
pra quem quer mudar
o mundo!
Eu sei... já é tarde
Mas eu... Não consigo mais
nem dormir, nem sonhar,
não sei de mais nada
E tudo parece vulnerável

Eu penso demais
eu acho... já é tarde
Por isso faço de conta
que não te ouço
Vivo em mim, meu mundo
Sem isso, não ouso
Por isso não te escuto
Porém esqueço
Do nada que sou
Que o lábaro da vontade
Don’t hurt me
Me faça mais vivo
Eu assumo
Eu preciso
Sem isso não sei
Pra quê, mesmo?

terça-feira, 15 de março de 2011

UM CHA DE CADA DIA


Um chá quente
canetas e ideias
dos papeis à mente
agrega mais e mais
aumentam as dúvidas
surgem palavras
com elas vem de tudo
de almas a mundos
das palavras vem tudo
o que quero e não quero
nada do que sei se mantém
frases, textos, imagens
e tudo mais
é de trocas que esse homem se faz
tudo aumenta, nada se apaga
talvez nem tudo,
nem nada
Penas de um dia
pernas se mexem
ando, caminho
meu chá esfria
tomo mesmo assim
frio ou quente
é meu chá
e ainda está aqui
não embaça mais a vista
mas adoça o seco da boca
aumentam os goles
e minha mente se move
com palavras tudo posso
são minhas agora
e já não serão mais
é de trocas que esse homem se faz
tudo aumenta, nada se apaga
talvez nem tudo,
nem nada

segunda-feira, 14 de março de 2011

Vou postar poemas... Pode?

Se ninguém se incomodar, vou começar a postar alguns poeminhas bobos aqui


Entre nós dois


Minha pantufa de domingo
Sua manicure segunda
Essa caneca aqui na sala
Esse pé sujo no braço do sofá
Meu copo de uísque na noite de sábado
Sua caixinha de remédios sem bula
Toda noite tem risoto, risadas
E aquela nossa taça de vinho
Há algo entre nós dois
Nós não gostamos das mesmas flores
Mas queremos um
Deixa as flores de lado
Escolhemos depois
Na nossa geladeira
tem a minha geleia
e seu requeijão light
Meu pão francês
o seu de centeio
a minha manteiga
a sua margarina
Já está na mesa
Nosso café não é igual
Nossa mesa tem tantos lugares
mas a gente senta lado a lado
Como estávamos no quarto
a noite toda
todas as noites
Há algo entre nós dois
Nós não gostamos das mesmas flores
Mas queremos um ao outro
Deixa as flores de lado
Escolhemos depois