sexta-feira, 20 de julho de 2012

TOP 5 2011 (1) - Damien Rice

1- Damien Rice. A tempestade em um copo d'água. 

Eu sei, você vai pensar: "Ah, nem vou ler o cara que até 2011 não conhecia o Damien Rice. Coitado.". Pois é, coitado de mim. Mas, como sei que não sou o único que abdicou de ouvir esse homem, preciso dizer o que penso sobre ele. Não conhecia, como alguns dos mais fervorosos indies, sua antiga banda Jupiter. Não procurei por ele quando soube que aquela chatíssima versão da Ana Carolina e o Seu Jorge fizeram de "Blower's Dauhgter", muito menos procurei mais dele quando assisti o filme Closer. Afinal, sempre senti que já conhecia sua música, mesmo sem ouvi-la. Mesmo sem ler suas letras e vê-lo interpretar suas canções. Porém, assistindo (novamente) ao Live From Abbey Road, não consegui ignorar, como muitas vezes nossa mente pede. Principalmente pelo ambiente que esse homem cria no que faz. Porém, passava por uma fase de depressão bastante significativa e não consegui sair ileso do que eu sempre lutei contra: ouvir o sofrimento de alguém.
Não houve estranhamento. Não houve sentimento algum em relação ao que eu ouvia. Houve sim um ambiente que ele criou que me dominou e me fez não sentir nada além do que aquilo tudo proporciona. Passei alguns bons (não tão bons assim) dias ouvindo e sentindo isso tudo. Não sei o que é. Acho que ninguém sabe. E isso é música. O que a gente não sabe o que é. O que ninguém pensa, nem sente igual. É a empatia. É ser dominado por aquilo. Perder o controle, afundar junto, emergir junto. Respirar e perder a respiração. É não sentir nada e sentir o mesmo que o músico sente sem saber o que é. É chorar sem saber porque e não querer saber porque. É afundar na tristeza reconfortante do inconsciente. É sofrer por sofrer e não querer sair disso até que tudo o que profana seus sentimentos e pensamentos positivos saia de alguma maneira. É escolher o caminho que a música te proporciona quando a escolha já foi feita. E não foi você quem escolheu. É sentir o que o músico, compositor e intérprete sente sem que ele queira. Sem que você queira em uma primeira visão e descobrir, tomado por isso, que é o que você mais quer. Que alguém te guie até o fundo do poço e nesse caminho mostre como você chegou lá. Sem dizer. Assustador é sentir algo que não é seu, dada a sinceridade do que lhe é apresentado. Obrigado, Damien. Sua voz me constrange, por mostrar tanto de alguém que acredito ser você. Mas se não for, não importa. Seu violão é preciso. Sua voz é feita de entranhas. Suas letras são escritas por um inconsciente inexistente e muito mais real do que eu posso perceber por apenas 5 sentidos. Seu violino, seu violoncelo entram no meu estômago e sacodem tudo em volta. Obrigado por dialogar com Lisa Hannigan. Não sei de nada.Obrigado por me mostrar isso.
Musicalmente não há nada a se dizer. É tudo perfeito e tomado de algo que só a música pode proporcionar.
Tente sair ileso disso:


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